ANÁLISE: CD Deus no Controle – Eyshila

A cantora e compositora cearense, mas carioca de criação, Eyshila, surpreendeu a todos em 2012 ao deixar o aconchego do seu lar fonográfico, a MK MUSIC, gravadora que esteve sob contrato durante 15 anos de carreira (1997-2012), assinando com a gravadora menor Central Gospel Music, empresa do grupo Central Gospel presidida pelo midiático Pastor Silas Malafaia.

Em seu primeiro CD na nova casa decidiu colocar em prática o que faria em seu trabalho de despedida na ex-gravadora, mas o que ficou evidente foi de que o CD Sonhos Não tem fim foi lançado apenas pra cumprir o contrato e assim ficar livre da gravadora. E claro explicando: Em 2011, ano que a cantora ainda estava na antiga casa, declarou que seu próximo CD viria temático, a ideia era homenagear o Brasil e que o produtor musical seria Emerson Pinheiro. Não sabemos ao certo o motivo de ter segurado a ideia (talvez quisesse inaugurar em nova casa, ou talvez junto com a MK Music chegaram em um consenso que não queria um álbum assim pra finalizar a parceria na antiga casa), mas esse foi o disco de estreia de Eyshila na Central Gospel Music. O disco Jesus, o Brasil Te Adora recebeu atenção máxima na nova gravadora e o marketing fez um grande trabalho pra que o CD tivesse a divulgação que merecia. O disco teve lá sua concepção interessante, apesar de um certo êxito comercial o disco não aconteceu na proporção investida. A ideia de homenagear o Brasil foi válida, mas musicalmente o disco soou bem perdido. Poucas músicas empolgaram, a produção de Emerson Pinheiro não valorizou as canções, como no caso de Profetiza (relembre assistindo o clipe da canção abaixo) que é uma canção grandiosa com apelo pentecostal, mas que teve um arranjo tão morno que a música perdeu sua força. Eyshila que sempre teve músicas em conjuntos e em Ministérios de Louvor, não viu isso acontecer com esse primeiro disco pela sua nova gravadora, a Central Gospel Music.

Em 2014, Eyshila anunciou em suas redes sociais que retomaria a parceria com o produtor Paulo César Baruk, que também foi responsável pela produção do injustiçado Sonhos não Tem fim. E no final do ano chegou às lojas o álbum Deus no Controle.

Quando ouvimos Deus no Controle vem a seguinte sensação: Ufa! A Eyshila está de volta. O repertório, apesar de algumas irregularidades, é coeso atrelada a uma sonoridade atual. A começar pela musicalidade que Paulo Cesar Baruk trouxe, em gravar as bases em Nashville/ USA com músicos que ele fez a ponte quando produziu seu último e ótimo disco Graça, ideia que foi prontamente aceita pela cantora e sua gravadora. A contribuição gringa valorizou muito o trabalho. Os arranjos, apesar de carregarem uma concepção mais simples o que deixou o CD bem congregacional, ficaram irretocáveis. Ao ouvirmos música a música vamos construindo a certeza de que a cantora acertou na equipe de músicos e arranjadores.

Sobre o repertório vale ressaltar que ele é quase que autoral. Tirando as duas versões Me Derramar e Tão Profundo e a regravação da música Quanto Amor de Massao Suguihara, todas as 9 faixas foram assinadas pela cantora.

O disco abre de forma intimista ao som de piano e cordas com a canção Lugar de Vida, a última musica a entrar no repertório. Sempre muito conhecida por apresentar canções sobre família essa é a que carrega a mensagem. Uma faixa singela que já tem sido o hino dos cultos voltados para famílias.

A faixa 2 e título Deus no Controle. Simples com elementos pop e o refrão grudento. Algumas pessoas criticaram a escolha dessa música como single, pois não a acharam forte o suficiente como outros hits da cantora. De fato a canção não é um hit meteórico como Terremoto, Nada Pode Calar um Adorador ou  Fiel a Mim, mas cumpre seu objetivo radiofônico e é impossível ao final da canção você não cantarolar “No Controle Deus está, No Controle Deus está…” a mensagem é oportuna para o momento atual do nosso País.

Seguindo o disco encontramos a canção que pode ser considerada a mais popular, De tal maneira fala do sacrifício de Jesus pela humanidade e a comprovação de Seu amor para conosco. Fácilmente pode ser utilizada para evangelismo e também presente como versão bônus (ao final) com um arranjo mais prá frente. (Alex Eduardo falando: a bônus pra mim é a melhor faixa do álbum, e devia ser o primeiro single do projeto, e volto a palavra para meu amigo e dono da análise Philipe Daniel).

A faixa 4 é sem sombra de dúvidas a pérola do disco. Simplesmente Adorar pode ser considerada uma das melhores composições de Eyshila. É congregacional, de entrega e de contemplação ao Senhor Jesus. Os versos declaram que os nossos olhos são pra olhar a Deus, nosso coração para amá-lo e que nosso maior desejo é adora-lo. Uma canção intimista, mas carregada de emoção. Na mesma vibe temos Deus ainda me ama, esta dá a impressão de fazer parte da harpa cristão ou o hinário batista, contou com a participação especial do Coral Resgate para Vida, que assinou recentemente com a Universal Christian Music.

A faixa 6 é versão da música Tão Profundo  – Furious da Bethel Church, que já ganhou versão com o Vineyard e a participação de Juliano Son. Nesta versão deixaram em evidência a base pop acrescentando o country, abrindo uma nova faceta de Eyshila e o cantor David Quilan, Som Livre, foi convidado pra um dueto, talvez tendo em mente aqueles grandes duetos na música country surgiu a ideia do convite, foi até válido, mas a participação de David foi bem inexpressiva, mas o arranjo country soou tão bom que dá até pra esquecer da participação. Na sequência ouvimos a série de irregularidades do CD, Me Derramar do Vineyard. Apesar de ser uma canção bonita e bem executada nas igrejas, em nada acrescentou ao projeto.

A 8a faixa é uma regravação, O que darei a ti?, canção baseada no Salmo 116 e foi gravada originalmente pela sua irmã Liz Lanne no CD Levanta-te Menina (MK Music), a regravação é oportuna. Com arranjo mais visceral cresceu muito na voz de Eyshila e ficou congregacional. Diferente da canção anterior, essa teve muita conexão com o disco. A participação de Cassiane marca Transformada, fácil assimilação voltada para mulheres e já se destaca nos cultos voltados para mulheres nas igrejas brasileiras e o dueto querendo ou não é bem interessante.

Ao som do Cello e Piano é a vez da canção VoltaOutro grande ponto irregular do disco é a regravação de Quanto Amor, consagrada nacionalmente na voz de Paulo César Baruk. A faixa nada mais é do que uma compilação gravada no CD Entre, álbum comemorativo de 10 anos de ministério do cantor Paulo César Baruk em que ele recebeu vários amigos em duetos de seus maiores sucessos. Dispensável. E o CD se encerra com mais uma canção para mulheres intitulada Mulher Vitoriosa, outra desnecessária.

Deus no Controle entre acertos e alguns equívocos é um disco linear, e mostra que a cantora não deve abrir mão da sua proposta essencialmente pop com o toque congregacional. A parceira com o produtor Paulo César Baruk nos dá a certeza que a cantora não deveria ter desprezado o álbum Sonhos não tem fim. Que venham muitas composições e que a parceria com o Baruk seja eterna enquanto dure!

Análise feita por Philipe Daniel


eyshila_deusnocontroleSelo: Central Gospel Music
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Playlist: Lugar de Vida | Deus no controle | De tal maneira | Simplesmente te adorar | Deus ainda me ama | Tão profundo | Me derramar | O que darei a Ti? | Transformada | Filho, Volta | Quanto amor | Mulher Vitoriosa | De tal maneira (Bônus)