Como sempre por aqui o mercado fonográfico cristão está há alguns passos atrás do que acontece no meio musical mundial, e o que apareceu de um tempo pra cá e vem ganhando força no mercado fonográfico secular é o EP. A sigla vem do inglês extended play, usada para um disco longo demais para ser um single, geralmente variam entre 3 a 6 faixas, e curto demais para ser um LP, ou long play, de cerca de dez a doze músicas.
Por aqui é uma novidade, e ainda não foi explorado com propriedade no meio fonográfico cristão, mas um formato consolidado já há muitos anos no exterior. Nomes como Roberto Carlos, Luan Santana, Paula Fernandes e Fafá de Belém lançaram músicas em EPs neste ano e vêm alcançando muito sucesso com o formato.
A venda de CDs caiu 12,45% em 2012, na comparação com o ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Discos. A queda de faturamento das vendas de formatos físicos – juntos, CD, DVD e Blu-ray caíram mais de 10% – só não foi maior graças ao fenômeno “Esse Cara Sou Eu”, de Roberto Carlos. A música, até então inédita, foi lançada junto de outras três, no formato EP.
“Foi uma jogada genial de fazer esse lançamento com o Roberto Carlos”, elogia Marcelo Soares, diretor da Som Livre. Só para conhecimento, o EP do rei vendeu mais de 2 milhões de cópias. “É um artista cultuado por todas classes que não lançava uma música inédita há muito tempo”, completa. Ainda diz que quer investir no formato também na Som Livre para 2013. Em 2012, a Som Livre lançou EPs do cantor capixaba Silva e da carioca Clarice Falcão. Quem sabe na Você Adora, braço fonográfico cristão da Som Livre também possamos ter algum álbum em EP.
Há várias razões para um artista optar por um EP em vez de um CD convencional. Uma delas é a redução no preço da produção e, consequentemente, em um preço final menor para o consumidor, o que facilita a venda. Para o meio cristão isso facilitaria na escolha de repertório que estamos em um momento em que as composições não estão tão criativas como eram antes, como o mercado explodiu em novos artistas e nomes consagrados também vêem a necessidade de mais lançamentos no mercado, já que por aqui você não pode ficar sem lançar nada em 2 anos pra não cair no esquecimento, o EP seria uma boa alternativa a ser lançada anualmente.
Um dos aspectos que contribuíram para o fortalecimento dos EPs foi a chegada do iTunes (loja de discos e vídeos da Apple) no Brasil, em 2011. Como os EPs têm poucas músicas, algumas pessoas preferem comprá-las apenas no formato digital. Dos mais de 2 milhões de cópias de “Esse Cara Sou Eu”, mais de 500 mil são do iTunes. O consumo digital de faixas separadamente é hábito consolidado no mercado mundial na última década. A particularidade do mercado brasileiro atual pode ser a combinação disso com o consumo também físico, embalando as novas faixas em um pacote “caprichado” de EP.
E vamos aguardar no meio fonográfico cristão quem será o primeiro a lançar um álbum neste formato em uma grande gravadora.